Comentário sobre o novo ministro da saúde

Muito tem se falado sobre o discurso absurdo do novo ministro da saúde sobre ter que escolher entre velhos ou jovens para morrer. Para além da parte moral, quero mostrar rapidamente o erro dele do ponto de vista econômico.
 
A lógica que embasa o pensamento dele é a da escassez. Aí está o problema, os capitalistas insistem (desde o princípio) que o problema do mundo está no fato de termos recursos limitados. Isso explicaria a falta de recursos materiais para alguns (muitos!), explicaria as escolhas que “precisam” ser feitas e explicaria os inúmeros ajustes, cortes, apertos fiscais. Inclusive estão justificando os atuais cortes de salário com a lógica da escassez “todos tem que dar sua parte”.
 
No mundo da ficção quem acredita nesta lógica é o Thanos do filme Vingadores. Para ele, devido a escassez de recursos, se justificava exterminar metade dos seres do universo. Estranhamente ele foi menos cruel que a burguesia, pois seu método de extermínio foi aleatório, mas no mundo real o extermínio é de classe.
 
É falsa do começo ao fim esta lógica. O mundo tem recursos suficientes para todos que aqui estão e muitos outros que virão, sem falar nos nossos companheiros de jornada, animais e demais seres vivos. Isso pq tanto pelos riquíssimos recursos existentes, mas pelo amplo desenvolvimento das forças produtivas, poderíamos extrair sem devastar, consumir sem destruir e ainda repor o que for necessário.
 
O problema está na apropriação privada da riqueza socialmente produzida. Está na consequente concentração da riqueza em pouquíssimas mãos e propagação da miséria e muitas outras. Não existe escassez, existe concentração monopolista da produção social.
 
Hoje mais cedo mostrei em outra postagem que 3 pessoas possuem a riqueza que salvaria a África de uma devastação devido a pandemia. Outro exemplo: Estima-se que o mundo produza comida para 12 bilhões de pessoas. Temos 7,5 bilhões e muitos passam fome. Como isso é possível? Através da divisão da sociedade em classes e apropriação privada do valor produzido socialmente, por apenas uma das classes, a burguesia.
 
O discurso do ministro é uma falácia e tem por trás interesses de classe. Devemos dizer ao ministro, não Frank, não temos que escolher entre o jovem e o velho, devemos expropriar o sistema privado de saúde e a industria farmacêutica, dar nas mãos dos trabalhadores para controlarem e colocar os dois, jovem e velho, em tratamento e cura.
 
Mas isso só faz sentido na luta contra a destruição do sistema social que tudo isso engendra, o capitalismo. No campo da democracia burguesa, das disputas eleitorais, das disputas de narrativas entre diferentes campos da burguesia, só poderemos denunciá-lo do ponto de vista moral e isso, como sabemos devido ao presidente q temos, não tem resolvido muito…

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