Assembleia no IF: O problema não é perder, o problema é não se importar.

(Texto escrito sexta-feira a noite)

Acabamos de sair da “Assembleia dos estudantes de Física da USP”. Num auditório com aproximadamente 300 pessoas. Foi votado única e exclusivamente por não aderir a greve no instituto.

Foi uma “assembleia” muito atípica do que se conhece e por isso quero chamar a atenção de dois pontos e declarar meu repúdio à ambos. Em primeiro lugar alguns estudantes se arrogaram o direito de pedir a carteirinha USP para a entrada no auditório. Eu nunca presenciei algo parecido. A justificativa era impedir que pessoas de outras instituições votassem, mas a prática nesses casos é que os próprios alunos e alunas verifiquem os votantes, o que menos precisamos neste momento é de uma “polícia da democracia”. Por falar em polícia, presenciamos também nesta assembleia algo bastante incomum. Um rapaz estudante da física e policial entrou e participou, por algum tempo, da assembleia armado. Sabemos que a arma de um policial fica de posse do mesmo quando este está fora do trabalho, mas não fica a mostra, exposta como um símbolo de poder e o distintivo no peito era também desnecessário. É contra este tipo de repressão que estamos lutando. Após a indignação da plenária, o rapaz se retirou, com a proposta de que poderia voltar sem a arma.

Voltando para o título do texto, acho que está justamente aí o problema, não é absurdo perder uma votação num processo democrático, mas uma votação não prescindi uma discussão, um debate.

A assembleia foi realizada em aproximadamente 50 minutos o que tornou inviável qualquer discussão a respeito dos tantos temas complexos que esta greve envolve. Não é possível votar uma greve se não se sabe pelo que estamos propondo a greve, ou quais os eixos do movimento estudantil em sua luta e ainda quais as causa que vale a pena brigar enquanto instituto de física.

Para esclarecer os leitores, lembro que os eixos do movimento estudantil nesta greve são:

1)      Uma política de segurança verdadeira e concreta (melhoria na iluminação da USP, aumento no número de circulares, abertura dos portões para a população, etc.).

2)      Retirada do convênio USP-PM.

3)      Retirada dos processos administrativos e criminais contra estudantes (processos que são baseados numa lei do tempo da ditadura).

4)      Renúncia do atual reitor da universidade, João Grandino Rodas.

Sem este tipo de discussão o que tivemos foi uma assembleia vazia, não de pessoas, que eram aproximadamente 300, mas de ideias. Ou nem de ideias, pois também existiam por ali, tanto que a mesa (organização da assembleia) ficou com mais de 10 propostas de encaminhamento nas mãos, que NÃO puderam ser votadas.

cabe aqui então fazer a grande pergunta:

Se tínhamos pessoas e tínhamos ideias, o que faltou?

 Não sei responder, nem sei se tem resposta, podemos tentar, mas neste momento a única coisa que sinto é vergonha de ser do Instituto de Física da USP.

7 comentários

  1. Quer debater até que se esvazie a assembleia? Conta outra…os alunos do IFUSP foram perfeitos e não cairam nesse conto da carochinha.
    Quer discutir? Vai pro bar.
    O IFUSP não quer e nem entrará em greve!!
    Grave isso e Chore!!! Mas chore na cama que é quente!!

    Quantas assembleias irão convocar só para inflar o ego e encher a boca pra gritar que o IFUSP está em greve?? Quantas??

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  2. na minha opinião a assembleia passada foi uma vergonha; como que pessoas que estão contra a greve perde tempo de ir na mesa e dizer na frente de todos, que pensemos bem antes de fazer greve pois teríamos prova; isso é um absurdo, pois essas pessoas que não apoiaram a greve não estão preocupadas com o futuro da USP, contanto que não percam e estudem pra porra da prova. Mas digo a vcs alunos da física que votaram contra: um dia vcs terão filhos, mas será que até la a USP ainda vai ser pública? Bom, pelo menos vcs vão poder dizer a eles que existia uma USP com ensino invejado internacionalmente, e que ainda bem que vcs sentaram suas bundas na cadeira e estudaram pra suas importantíssimas provas, pois terão como PAGAR um bom ensino à eles.

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  3. Bom, é inútil tentar convencer pessoas que não são pobres a fazer greve a favor da entrada de mais pessoas pobres na USP. Já que na Física podemos contar nos dedos quem é pobre e mora no Crusp; afinal pra que eles querem mais moradias na USP por exemplo, ou mais iluminação, se os mesmo possuem seus carrinhos do ano? Essas pessoas estão pouco se fudendo se vão continuar estudando em uma USP pública ou privada; afinal eles possuem recursos pra bancar se for necessário. O que presenciei na ultima assembleia é foi o espelho do que é a sociedade fora do campus, a qual políticos corruptos montam sobre o povo e ngm faz nada; é exatamente o que está acontecendo na Física… é triste.

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    1. Eu sou pobre (se vc considera que pobreza é a pessoa que tem dinheiro para ir a Faculdade, 300 reais pro mês) , do IF, não moro no Crusp, pois moro próximo (J. Paulo IV, próximo de João XXIII, Arpoador) Vc conhece a região Senhor Pobreza Inteligente? E sou contra a Greve, Sou contra a retirada da PM, Sou A favor de mais iluminação (pois é necessário, mas BANDIDO TRABALHA DE MANHÃ tbm), Sou A favor da Renúncia do Rodas. E vcs precisam entender, eu ter opinião diferente não me faz uma pessoa burra e sem idéias!

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  4. Nossa Ronaldo, que triste que você pense que a “perfeição” está em não discutir, em chegar lá com uma opinião formada… Você provavelmente votou contra a greve, e eu te pergunto: “era greve pra quê, mesmo?”. Pergunto, sem ironia, porque eu não sei a resposta: NÃO FOI DISCUTIDO!
    Deveriam ser feitas quantas assembleias fossem necessárias, e como estudantes devemos participar de todas e dizer “sim ou não” quantas vezes forem necessárias, mas ouvindo as partes.
    Fiquei horrorizada com o “conto da carochinha” e “Grave isso e Chore!!! Mas chore na cama que é quente!!”. Isso é falta de argumentos ou de educação?

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  5. Eu não gostei da idéia de pedir carteirinha, e depois de uma outra (que nem prestei atenção se funcionou) de se reservar espaço separado para alunos de outras escolas (que cazzo de discriminação é essa?). Se não era pra eles votarem naquela assembléia, era só pedir pra não votarem (uma colega – que faz parte do Cefisma – me fez um sinal de que isso não iria dar certo… que só pedindo, as pessoas não iriam respeitar. Ora, se começamos um debate duvidando da honestidade dos participantes, de que adiante debater?). Mas entendi que o tempo foi pouco… e, no meu caso, coincidindo com uma aula importante, nesses momentos “críticos” de final de semestre… Se se pudesse contar com o Instituto abrindo mão das aulas no dia da Assembléia, seria interessante…

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